Pelé, negro, rei e imortal

Hoje o mundo parou. Mais uma vez o futebol entrou em cena após 11 dias da final da Copa do Mundo e da coroação de Lionel Messi como o melhor jogador da competição. O futebol entrou no centro do debate para enaltecer a existência de um gênio, daquele que foi consagrado como rei sobre todos os atletas desse esporte, Edson Arantes do Nascimento, ou simplesmente Pelé. O falecimento de Pelé, o rei do futebol, é o motivo pelo qual eu volto a escrever após um longo período (1 ano e 7 meses).

Eu sou professor de Educação Física e indubitavelmente de alguma forma o futebol me levou à essa formação, indiretamente Pelé tem participação nisso, pois foi o grande responsável por popularizar tal esporte no Brasil e no mundo.

Pelé foi um homem Negro, de origem humilde, que sobreviveu e venceu as adversidades da vida utilizando aquilo que de melhor sabia fazer. Em 1980 o craque da camisa 10 do Santos e da Seleção brasileira foi considerado o atleta do século XX por seus feitos extraordinários.

É o único futebolista até o momento a ganhar 03 (três) vezes o título de campeão da Copa do Mundo, talvez o único a marcar mais de mil gols, e certamente é aquele que marcou três vezes numa copa do mundo sem balançar as redes. Isso mesmo, “marcar sem balançar as redes”, só Pelé executou tal proeza.

É conhecido por muitos a sua atuação na Copa de 70, como tentou encobrir o goleiro Viktor da Tchecoslováquia mediante um chute do meio do campo (ninguém jamais havia tentado tal feito). O lance é lembrado até hoje como “o gol que Pelé não fez”. Na mesma competição Pelé executou uma cabeçada fazendo com que Gordon Banks, goleiro inglês, fosse lembrado como aquele que conseguiu fazer “a defesa do século”. Por fim, o rei viria a marcar novamente na Copa de 70 sem ao menos balançar as redes. Nosso eterno camisa 10 recebera um passe em diagonal, não dominou a bola diante do goleiro, ao contrário, aplicou-lhe um “drible da vaca” sem tocar na bola, e ao fim completou com um chute cruzado que não entrou por muito pouco.

Pelé está eternizado! É o típico brasileiro, homem negro que sobreviveu, venceu e se tornou rei. Não era um ativista social antirracista, entretanto, era um ser humano defensor do amor, do cuidado aos pobres e das crianças. “Love, love, love”, essas foram suas palavras no encerramento de sua carreira no New York Cosmos nos EUA. Ao fazer seu milésimo gol ele não agradeceu, ou o dedicou a alguém, ao contrário fez o seguinte apelo: “pelo amor de Deus, olha o Natal das crianças, olha Natal das pessoas pobres, dos velhinhos cegos. Tem tantas instituições de caridade por aí. Pelo amor de Deus, vamos pensar nessas pessoas. Não vamos pensar só em festa. Ouça o que eu estou falando. É um apelo, pelo amor de Deus. Muito obrigado”.

Pelé era extraordinário e será lembrado até o fim da humanidade. Finalizo esse texto relembrando alguns versos de Drummond em “Pelé: 1.000”:

“O difícil, o extraordinário, não é fazer mil gols, como Pelé.

É fazer um gol como Pelé. Aquele gol que gostaríamos tanto de fazer,

que nos sentimos maduros para fazer, mas que, diabolicamente,

não se deixa fazer. O gol” (DRUMOND, 1969).

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